Depois de acompanhar a falência de alguns bancos regionais nos Estados Unidos, a avaliação é que a resposta das autoridades ao estresse no mercado americano foi em câmera lenta e que a quebra das companhias também tende a ser, segundo o CIO e sócio da Lumina Asset Management, Daniel Goldberg.
“Já faz duas semanas que o último banco quebrou e ainda não anunciaram nenhum programa sistêmico”, observou o especialista durante painel organizado pela XP nesta semana.
Leia mais:
•Por que o impasse sobre o teto da dívida dos EUA é importante? Entenda
Para ele, o mundo se acostumou com uma resposta rápida dos bancos centrais e do Tesouro. Agora, diz, o espaço de intervenção é mais limitado, porque há um desafio de desinflação no mundo.
O CIO também tem olhado com maior preocupação para os spreads (juros a mais oferecidos por um título privado na comparação com um papel público) de títulos de empresas, que estariam muito “tímidos”.
O especialista aponta uma situação um quanto inusitada. Segundo ele, as melhores empresas do mercado americano que possuem os melhores ratings (classificação de risco de crédito) estão com um spread negativo em relação ao rendimento oferecido pelo título do Tesouro (Treasury) com vencimento em três anos.
Leia mais:
•Nos EUA, PacWest diz ter registrado saída de depósitos após o fechamento do First Republic
“Isso significa que eu comprei os papéis das melhores empresas americanas e eu estou pagando para fazer isso”, diz. “Que sentido faz isso?”, questiona o profissional.
No começo deste mês, o banco JPMorgan (JPMC34) anunciou a compra de “maioria substancial” dos ativos do First Republic Bank. O anúncio ocorreu após os reguladores americanos decretarem a falência da instituição, que foi o terceiro grande banco dos Estados Unidos a falir em dois meses.